domingo, 24 de maio de 2009

Trancafios


Quero escrever um ato vazio. Janela esfaqueada no peito pra um sol de ébano. Peito-correnteza, peito do leite doce dos silêncios. Coração ternura triste, arrastando vazio por todo o corpo. Nenhum dique de luz. Jorragem. Travessia de escuros. Viver é desanúncio. Escuro é templo. Me escondo numa poça recôndita, numa víscera até pra mim longínqua, tranço tranças de escuridões elásticas, me amamento no arrepio dos nadas. Colho no vago o comer das minhas esfinges. Não quero resposta. Quero um caldo que me venha da angústia, que me abençoe as fissuras, me apascente os desfiladeiros. Quero hoje ensolarar-me de ser só.

2 comentários:

  1. solaridades quietas, só, acompanhadas e prosseguidas é tb o desenho do carinho que agora nos esboçam, querida.
    Brigada pela audiência vida afora!

    Bom te ter assim, mais perto da gente

    Bjo

    Dani

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  2. Kely Cristina, demorei para achar você depois de você publicar o comentário sobre o texto de Philip Roth, no meu blog. Quero agradecer, e dizer que teus textos são muito bem escritos, muito comunicativos daquilo que está mais dentro de você. Parabens, um abraço com carinho.
    Bruna nehring

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