Pensamentos
Numa cadeira antiga, uma tarde antiga
Pendo distraída o frescor das minhas mãos
O tempo, silencioso, bordou rugas nelas
Como quem cose uma roupa para a festa de amanhã
recebo o abraço de minha história
Tropeço em pedaços cada vez mais pesados de tempo
Já não ralho com eles, são netos traquinas e amados
Hasteei no vento anéis de cabelos e buscas
e apanho no espelho novelos de prata e calma
Ou de pasmo ante a Grandeza?
Entesourada de mim, de meus passos
e da minha caudalosa incompreensão
Que sou eu senão o vácuo entre a palavra e a fome?
Distendo minha ternura ao rodapé do pergaminho
como quem cobre um filho amado no berço
Minha alma um dia se alará, repleta do que desconheço
e meu corpo então será casa de açucenas
Nenhum comentário:
Postar um comentário