Psicologia
Eu fiz Psicologia. Inacomodável em palavras. Noites de espírito em polvorosa, alma fermentada de tantos saberes, seres e gestares. Ser psicólogo é fazer de si mesmo um lugar de encontro com o outro. A cada instante já não sou mais eu. O outro rebenta coisas no meu caule, se me enxerta. Eliciei um eu de sob a dor e o amor dessas carnes que me deram para que eu nelas acontecesse um humano. Carnes que me chamam de eu. Ou será que me perguntam o que é eu. Ou será que se me oferecem por trampolim em que chego à tua carne, a um só tempo, distante e tão feita de mim? Estranha e estrangeiramente minha. Foi de meu amar... Eliciei-me de meu amar: o dar de mim, germinal de mim. Dar de mim é, antes de tudo, receber-te. Ah, o ventre das coisas é redondo e teso e brilha como quem gesta o sol.
Nenhum comentário:
Postar um comentário