Caminhada
Sou toda passos
Desenho ainda em traços grisalhos a cartografia de minha invenção
Escrevi longa carta pra mim mesma e derramo letras pra dentro
Meu longo poema acalenta as minhas costas gravetas, meus sentimentos arfantes
Chamo o sol para a minha janela como quem encanta de mansinho um colibri
Tudo é tão imensamente hoje
O sol tem dedos antigos na minha face
Fecho os olhos
afago, lágrima, garganta apertada
O tempo tem sempre mãos meninas
Já não tenho frio
Sou de meu lirismo
Mas, quando em quando, ah meu Deus
E se eu sentir medo?
E se eu pedir pra que amparem minha luz numa mão de criança?
Conto segredos ao meu xale:
Não sei porque em mim as rosas desabrocham tão vermelhas
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