sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Teimosias
É já que te conto que a natureza pariu, de madrugada, copo-de-leite. Não em vaso que não gosto de flor aprisionada. Em canteiro de terra solta, de grãos quase flutuando uns sobre os outros. Copo-de-leite amamanta o olho da gente, da luta da gente. Eu também tenho dentro de mim uma haste corajosa e dourada que me eixa e me hasteia ao sol. Furor de minha vida buscante.
Eu que sou fornida de pulsos vida de gesso não quero. Porque sou suor e êxtase. Preciso ser sem mordaça nos poros. Eu me movo e movo o mundo que me move. Vê lá que aceito o veredicto dos geômetras. Viver em mortalha de ângulos, nem jamais. Eu que sou de formas redondas beliscando a tez dos limites. Os limites servem para que eu ame a minha perseverança. Eu os sei e os quero bem. Só não me venham envenenar com eles. Não chames de limite a vossa opressão. Haja o que houver, há de remanescer em mim uma flama de sonho, num ato de sonho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário