Vi foto de beija-flor tão linda que me espirou néctar. E olhei com um olho tão enxergado que virei lágrima. O sentido das coisas ficou tão intenso que galgou para um lugar chamado silêncio. O silêncio é a quintessência do sentido.
Derramar-me nas tuas frestas e comungar teu profundo. Eis para o que aqui sou. Eu preciso te contar que adoro touceira de azaléias. E capim molhado me tacando na cara cheiro de mundo. E compota de figo verde...que delícia. E de lírios amarelos como os do caminho de minha escola, eu aos oito anos. Que guardo com ternura os olhos de minha professora que me dizia que eu, um dia, iria escrever novelas. Ela se enganou: vou escrever vida. E que amo poesias, tresloucadamente. Adélia Prado, Fernando Pessoa, Drummond, Mário Quintana, Cecília Meirelles, Hilda Hilst, Lya Luft... e tantos quantos mais desfilarem ante meus olhos ávidos. E que adoro Lavoura Arcaica do Raduan Nassar. E Leonardo Boff. E, sobretudo, Clarice Lispector, apaixonadamente.
Tenho que te contar que adoro sentar no chão com crianças e que amo uma menininha chamada Tetéu, e os meus ratinhos mágicos. E que tenho amigos amados. Que gosto de namorado que conta histórias e que ama intenso. Que gosto de beijar a palma da mão de quem eu amo. Que adoro velhinhas que dizem "fia, ocê pega a minha chinela pra mim pu favô?" e outras mineirices bonitinhas como minha avó dizia. Que sinto faltas e que sou amores.
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