terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Rio
É já que te conto que andava doída de minha secura, me esfarelava por dentro, puída de meus sentimentos calcários. Um rio convidou meu olhar e deu de beber à minha língua. Tu sabes como é um rio? É o registro de um amor. É quando a terra se abre, langorosa, em côncavo e recebe, em amor, a presença das águas. Lembras que o mundo ama o mundo? Toda secura guarda em si uma promessa de águas. Toda sede é a mãe do segredo de um rio. Todo rio, um dia, acarinhou uma planície de seixos secos. Até hoje é tão côncavo o que te escrevo que me marulho inteira e me nadam peixes. Tu és rio de ti?

Nenhum comentário:

Postar um comentário