Que graça de traça
Ai amor, te atentas à tua toga que ela está forrada de traças e de leis baças
Ai que a toga quer mesmo é virar lona de circo
porque vê criança injustiçada sem brinquedo e sem direito a riso
A toga de traça quer mais é fazer troça
até ver criança de riso escondido e costela de fora
amar colorido o homem da toga que dá cambalhotas e sentencia sorisos
Ah que toga sem juízo
O homem da toga, sisudo e conciso
alberga também, debaixo da toga,
criança magrela que já não sabe
chamar o mundo de paraíso
Ah, é porque as suas leis têm números demais
E os números desaprendem nos homens as suas piruetas
E não sabe mais ver criança de barriga balançando, cheia de riso e algodão doce
Quem sou eu e quem és tu, nesse show de rebuliço?
Os adultos da toga que deixaram órfãos so seus papéis?
Não me lembro quem eu sou: a toga, a traça, a lona?
Ai amor, meu papel eu não o tenho lido e sabido
E é banguela a minha jurisprudência
Só me deixe ao lado da criança
Porque a barriga de riso tem fome
e pra ela, eu sei que é preciso,
que eu corra a cozer rapidinho
um mundo, ao menos um pouco,
com gosto de paraíso
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